quarta-feira, 25 de março de 2009

O ESTADO QUE TEMOS


Temos repetidamente ouvido dizer nos últimos tempos que, afinal, os problemas da nossa economia residem na crise internacional.
Não há investimentos, sejam de empresas portuguesas ou estrangeiras, não há criação de novos postos de trabalho, razão pela qual o governo tem de lançar grandes investimentos públicos a fim de tentar combater a crise, diz-se.
Contudo, os meses e os anos passam e as grandes obras prometidas apenas mudam de lugar e de trajecto no papel, mas nada se realiza.
Se o tempo fosse construtor civil já teríamos um aeroporto novo e o TGV a circular.
Mas, além do Estado só anunciar que vai fazer, o que acontece quase sempre à beira de actos eleitorais, no dia a dia, a sensação que nos fica, dos relatos que vão chegando à comunicação social, é que temos um Estado impeditivo de quase tudo, vá-se lá saber porquê.
Há dias, sobre a não atribuição da qualificação de projecto de interesse nacional ao projecto de construção de um parque de diversões na zona de Alenquer, o respectivo presidente da Câmara, autarca há já 35 anos, desiludido com o Estado deixava a pergunta: “Será que há política nisto”?
Doutra parte do país, da Guarda, chegavam também os desabafos de diversos agentes económicos dizendo que aquela região tem condições excelentes para produção de energia eólica, mas está impedida de produzir porque a EDP ou REN não fez passar por lá qualquer das linhas que construiu para transporte de energia e que seja capaz de suportar o recebimento dessa eventual produção.
Se subirmos ao norte, basta ver como Espanha produz energia eólica ali ao lado do nosso Parque Natural do Montesinho, zona proibida para tal do lado Português.
Se se projectam barragens, certo é ter o país que assistir à contestação de associações de ambientalistas, tudo dizendo fazer para impedir se construam tais estruturas produtoras de energia limpa.
Contudo, do lado Espanhol, relativamente perto da fronteira, pretendem construir uma refinaria.
Como alguém num dia destes dizia em tom de desabafo, parece que em Portugal se protege mais qualquer animal do que o homem.
Será caso para perguntar da riqueza das gravuras do Côa e dos melhoramentos do nível de vida da população local.
Mas, de Alcochete ao Algarve, ou de Alenquer a Vinhais, na secretária invoca-se a lei para impedir, esgrimindo argumentos muitas vezes sem sentido e contraditórios, no meio da multidão apela-se ao investimento abrindo os braços em sinal de acolhimento…
Sim, acolhimento, mas de votos. Depois, qual contrato de representação ou mandato.
Algum governo terá cumprido já o que prometera fazer com a representação recolhida nas urnas?
Porque será tão difícil gerir bem um país?
Será do regime político? Dos agentes económicos e sociais? Da dimensão e localização do território? Ou da preparação de quem governa?

Sem comentários:

Enviar um comentário