quarta-feira, 18 de março de 2009

UNS REPLANTAM, OUTROS QUEIMAM...

Todo o tempo é, cada vez mais, tempo de incêndios florestais.

Por negligência, por vontade de fazer queimar, a verdade é que, ano após ano, o mato, o pinheiro e o eucalipto, pequenos ou grandes, ardem.

E, já não é preciso esperar pelo designado período crítico, ou período de verão, ou dias de alerta vermelho ou laranja. Pode acontecer em Janeiro, Março, Maio, Junho, Setembro, Novembro ou Dezembro. Basta que a temperatura e a humidade se adeqúem e, algures, pequenas fogueiras depressa se tornam em frentes de fogo incontroláveis.

O Estado, desde o Governo aos dirigentes da Protecção Civil e especialistas da Autoridade Florestal Nacional, gasta anualmente fortunas de dinheiro a tentar combater os incêndios que, apesar disso, surgem cada vez maiores em número e em dimensão.

Contudo, apesar desses enormes esforços financeiros parece ir sempre atrás da frente de fogo, pisando terra queimada, como quem, de alma destroçada, se sentiu incapaz de impedir que num instante tudo o que produziu e edificou desaparecesse.

Gasta milhões e milhões para, de braços abertos e em tom de voz altivo, do alto da sua tribuna dizer: investimos este ano mais do que em qualquer outro, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance…

Mas será que fez?

Não será nesta altura, em que já se sabe que as alterações climáticas vieram para ficar, uma total falta de sentido continuar a investir no combate a incêndios promovendo simultaneamente a replantação de árvores como o pinheiro e o eucalipto?

Sempre que tenho oportunidade pergunto porque o Estado ainda não proibiu a plantação de pinheiro e eucalipto.
Normalmente a resposta vem pela riqueza que esses bens representam para os produtores e para o país.

Mas será verdadeiramente assim?
Será que a produção anual de pinho e eucalipto cortado actualmente no país compensa o investimento feito no combate aos incêndios desse tipo florestal?

E se em vez disso, proibindo a plantação dessas espécies e em sua substituição promovesse a plantação de carvalho e outras folhosas mais resistentes ao fogo com uma compensação monetária anual ao produtor por hectare de plantações deste tipo?

Será que essas árvores não reduziriam de forma natural o mato e o material combustível do solo da floresta portuguesa?

Sabemos que cada produtor não poderia receber tanto como se tivesse um helicóptero ou um carro de combate a incêndios…

Creio, no entanto, que valeria a pena reflectir sobre o assunto.

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