sábado, 7 de novembro de 2009

CICLOS POLITICOS

A ansiedade pelo diferente?

Recordo-me ainda do ano de 1995 quando o PSD perdeu as eleições legislativas depois de dez anos de governação com o Prof. Cavaco Silva.

Na altura, o povo estava farto de betão, dizia-se. Eram as vias rápidas, as auto-estradas, edifícios públicos, obras que se consideravam necessárias para fazer com que o país fosse capaz de acompanhar o pelotão da frente europeu, como então o primeiro ministro gostava de dizer.

Por isso, a campanha do PS insistiu, essencialmente, em pôr de lado a politica do betão, para passar a gastar noutras áreas o dinheiro que a economia em crescimento ia disponibilizando, designadamente nas áreas sociais.

Assim, como medida emblemática do novo ciclo politico iniciado com a governação do Eng. António Guterres foi a distribuição do Rendimento Mínimo Garantido que muitas pessoas que até então trabalhavam passaram a receber deixando de trabalhar.

Apesar das regras de atribuição com que o mesmo nascera, sendo dito tratar-se apenas de uma ajuda transitória tendo em vista ajudar as pessoas beneficiárias a encontrar novo emprego, a verdade é que depressa passou a ser recebido como uma nova pensão para aqueles que ainda não tinham idade para ser reformados.

Com os governos seguintes passou a ter nova designação mas mais nenhum governante teve a coragem de pensar em redefini-lo, nem mesmo pôr em causa as regras da sua atribuição, excepto o líder do CDS, Paulo portas na última campanha eleitoral.

Curioso é que, apesar de há quinze anos se dizer que só é possível dar quando se tem, muitos governantes apenas souberam distribuir sem se preocupar em promover condições económicas para garantir a necessária prévia arrecadação, a não ser através da já velha conhecida medida que é a subida das taxas e impostos, como também tem vindo a acontecer nos últimos anos.

Apesar disso, a verdade é que a nossa sociedade está hoje em maiores dificuldades do que estava na altura. Cada vez mais subsidio-dependente, mais pobre, muitos desempregados involuntariamente, outros não trabalhando porque é mais fácil receber sem ter de fazer seja o que em proveiro da comunidade.

Razões que fazem com que por vezes me interrogue como estaria hoje a nosso economia e a sociedade em geral se um estilo de governação como o chamado Cavaquismo tivesse continuado, sendo forçado a concluir que, certamente, estaria melhor.

Há dias, um ex ministro das Finanças de Mário Soares, Hernâni Lopes, declarava abertamente que esta última década tinha sido uma década perdida em termos económicos.

A verdade é que todos estes anos de governação socialista, quase ininterrupta, depois de 1995 não têm tido outra orientação estratégica senão a manutenção do poder: distribuindo, cirando dependência, acenando com benesses aos que se aglomeram e encaixotam nos grandes centros e dão vitórias eleitorais.

Contudo, foi também notório, na última metade do anterior mandato, o Governo Sócrates dizer querer fazer grandes obras públicas e essas mesmas obras foram bandeiras da sua última campanha eleitoral, sendo agora o PSD e os demais partidos a dizer não a tais obras.

Apostando em obras que ainda não fez, o PS perdeu a maioria absoluta mas manteve a relativa, com obra feita, o PSD, então, passou de maioria absoluta para derrotado.

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