quinta-feira, 26 de novembro de 2009

À PORTUGUESA

Além de um país de casos, um país de etiqueta...

De que somos um país de casos, já não precisamos de o dizer.
É a Casa Pia, que mais parece casa eterna, é o caso Freeport, é o caso BPN, é a Face Oculta, é a Noite Branca, o Furacão, e outros tantos que enchem capas de jornais e depois vão envelhecendo, esquecidos num qualquer caixote, como se de vinho do Porto se tratasse, até um dia ser bebido por alguém que nunca soube como tal liquido se fez.

Não podemos dizer que não somos bons a etiquetar casos.
Diferente é a fazer previsões sobre a evolução do desempenho da nossa economia e etiquetar depois os mecanismos de revisão dessas previsões.

Há poucos dias atrás o Governador do Banco de Portugal, mais parecendo o dono do país, estendeu o tapete ao Governo para aumentar os impostos a fim de impedir a queda continuada que se tem feito sentir nas receitas do Estado, isto é: nos impostos arrecadados pelo Fisco.

Entretanto, o Governo tinha já anunciado a necessidade de apresentar, ainda este ano, um segundo orçamento que nas palavras do Ministro das Finanças, é um orçamento redistributivo e não rectificativo, contrariamente ao que a oposição politica lhe chama.

Claro que, nesta fase final do ano, o Governo vai redistribuir aquilo que já distribuiu! Sim, não se sabe é como nem por quem!
Claro está que não rectifica os cálculos da receita que previu receber e não recebeu. Isso seria dar o braço a torcer perante uma oposição politica que tem vindo a dizer que as medidas económicas propostas pelo Governo nos últimos anos não permitem a nossa economia sair da crise em que mergulhou há vários anos.
Claro está que não vai dotar rubricas do orçamento no âmbito da despesa social com mais verbas, retirando-as, eventualmente, de rubricas destinadas a obras de investimento anunciado e não realizado, nem vai pedir dinheiro para pagar despesas.

Nada disso: vai redistribuir sem rectificar!
Como diria alguém, é só para inglês ver. Nós por cá bem sabemos o que isso é.

Creio, no entanto, ser mais do que isso.
Trata-se de uma estratégia tendente a fazer passar a ideia junto do eleitorado da sua capacidade de previsão e da bondade das suas propostas apesar do cenário económico difícil e do défice mais alto do que já alguma vez foi previsto e tido nos anos mais recentes da nossa história.

E, é disto que o país precisa: entreter-se com o significado das palavras, com a etiqueta mais adequada e não com o conteúdo ou a própria origem do conteúdo da embalagem.

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