terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MEDICINA EM AVEIRO

Acaba de ser anunciado que Portugal vai ter mais um curso de medicina na Universidade de Aveiro destinado a pessoas já licenciadas na área da saúde.

Notícia que à primeira vista até parecia querer demonstrar que o Governo ia resolver definitivamente a escassez de médicos em Portugal, quer em termos de médicos de família, quer em termos de especialistas das diversas áreas da saúde.

Mas, desengane-se, afinal é só para 40 interessados por ano e que estejam já a trabalhar na área da saúde.

Contudo, espante-se, se é de espantar, a reacção do Sr Bastonário da Ordem dos Médicos: a abertura de mais um curso de medicina é, para si, diz, um erro tremendo, vai fazer com que a curto prazo os médicos já existentes no país passem a deixar de ter trabalho indo engrossar as fileiras do desemprego, apenas se justificando este curso para dar emprego a alguns professores!

Creio que estes Srs Professores também serão médicos!? Ou não?

Mas, como justifica o Sr Bastonário, igualmente médico, as listas de espera no país para consultas e cirurgias, assim como os preços milionários praticados nos consultórios privados nas diversas especialidades onde consultas de dez minutos custam cem e mais euros, sendo numa só tarde “despachadas” às dezenas por Srs médicos directores de serviço, ou não, de um qualquer hospital do País?

Será este sistema actual justo, onde é possível exercer-se no público, garantindo uma carreira, e depois passar a maior parte do tempo disponível num qualquer consultório privado, até mais não puder, sabendo-se do manifesto maior interesse em gastar as horas úteis do dia no sector privado?

E o necessário descanso de que tantos falam? Não é preciso no exercício desta profissão?

Parece ser preferível ao Sr Bastonário da Ordem dos Médicos contratar médicos no estrangeiro do que os formar em Portugal, talvez porque quando chegar esse dia em que já não haja doentes para todos, esses outros possam ser dispensados, garantindo sempre rácios financeiros à profissão de que mais nenhuma outra classe hoje pode garantir.

Salvo o devido respeito pela pressão que pretende exercer junto de quem governa com este tipo de reacção, melhor seria que em vez disso tentasse afastar a imagem, cada vez mais enraizada na população, vá-se lá saber porquê, da chamada mercantilização do exercício desta profissão.

Outrora, eram conhecidos os sacrifícios que os Srs Médicos faziam para ir consultar quem, perdido nestes montes e vales, lhes pedia ajuda.

Hoje sabemos das dificuldades que muitos cidadãos sentem para poder ter uma consulta médica ou, por vezes, uma pequena cirurgia.

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